segunda-feira, 1 de abril de 2024

Eu me prometo


Eu me prometi fazer aquilo que quero, 

dizer aquilo que sinto 

e aprender com tudo o que eu erro.


Eu me prometi me segurar em mim, 

adubar a minha própria raiz,

e a regar o meu próprio jardim.


Eu me prometi viver, 

Aceitar aquilo que eu não posso fazer,

e não me arrepender do que venha eu a dizer. 


Eu me prometi rir nas tragédias,

a chorar nas comédias 

e amar também a quem me despreza. 


Eu me prometi ser aquilo que pretendo,

Ignorar os desalentos

e a voar com os quatro ventos.


Eu me prometi entrar em todas as guerras,

a esperar o que não me espera,

e todos os dias iniciar uma nova era.


Sim, eu quero ser justa mesmo que nem sempre ética houver,

Por mais que isso me doa as entranhas,

ou me dêem um tiro no pé.


Eu também me prometi fidelidade, 

andar descalça na cidade,

e ser subjetiva até na objetividade.


Eu me permiti ser sempre criança 

e mesmo nos vales mais escuros,

nunca, nunca perder a esperança.


Eu me prometi não julgar para não ser julgada,

amar até nas formas mais erradas,

e se por amor for preciso, embainhar uma espada.


Eu me permiti confiar no inimigo,

criar o meu próprio destino

e a enfrentar todos os desatinos. 


Eu me prometi nada desfazer,

amar para ser respeitada,

e construir tudo a partir do nada.


Eu assumi o direito de ser imperfeita,

desplantar na colheita, 

e beber o mel diretamente do ferrão da abelha. 


Pois eu caminho sempre nas ruas  mais tortuosas,

Bebo, as bebidas mais venenosas, 

e por algumas vezes beijei, as línguas mais enganosas. 


Pois como diria Maquiavel:

“Os fins justificam os meios”, 

Seria isso a tal justiça ou um puro devaneio ? 


A lei diz que somos todos iguais, 

mas sabemos que isso na prática não é o normal. 

Há os que lutam sozinhos, 

Há os que tem muitos padrinhos. 


Mas perdoem-me os espertos,

Eu prefiro o papo reto. 

Eu me prometi ser sempre justa, 

Por mais que as vezes possa parecer bruta. 


E por mais que o ouro esteja escondido num bueiro,

nem sempre a justiça está no que é direito. 

E nem sempre o que é justo está dentro da moral.

Pois eu me prometi ser sempre um ser humano, 

estando dentro do bem ou dentro do mal. 


Sim, eu me prometo. 


Samanta Lemos 

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