quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Olha...

Olha, o que posso fazer?
Se minha mente já não é mais digna.
Se minha alma já não se resigna.
Se eu já não posso mais cobrar as dívidas,
das tuas palavras infidedignas.

Olha, como posso caminhar?
Se cortaste as minhas pernas.
Se só vejo estradas desertas.
Se do meu caminho tiraste as setas,
que a outrora tu mesmo fizeras.

Olha, como posso respirar?
Se não escuto mais tua canção.
Se no meu sangue não há mais emoção.
Se não escuto mais meu coração,
que se nega em proferir perdão.

Olha, como posso cantar?
Se tuas músicas só trazem dor.
Se em cada palavra ouço um temor.
Se cada verso me lembram um amor,
que por egoísmo e medo se abalou.

Olha, o que será de mim?
Se meu jardim foi esmagado.
Se só vejo a frente caminhos fechados.
Se as promessas fugiram como ratos,
de um mundo até outrora encantado.

Olha, como posso eu comer?
Se por amor troquei bacalhau por galinha.
Deixaria a cervejinha e água beberia.
E se nada tivesse, fome passaria,
pra cumprir minha palavra de que não te deixaria.

Olha, como posso eu rezar?
Se por ti cortei as asas do meu anjo.
Se virei as costas pro meu santo.
Se meu espirito guia vive reclamando,
que para Deus só causei espanto.

Olha, como posso eu nas pessoas acreditar?
Se me provastes que palavras não têm valor.
Que choro sincero não tem clamor.
Que os olhos nada provou,
E que o amor sincero não adiantou.

Olha, por isso tudo, só posso eu gritar.
Para que tenham cuidado em se dar.
Para que duvidem de brilhos no olhar.
Para que não vejam luar no mar.
Para que não queiram saber o que é amar.

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