sexta-feira, 6 de agosto de 2021

O que somos?


Somos a soma de todos as nossas dores e amores. 

Somos o reflexo de tudo o que vivemos e não tivemos. 

Somos as cores do neutro, a sombra do dia e a luz da escuridão. 

Somos os sons de todos os tambores e o agridoce dos nossos dissabores. 

Somos o que o sol cega e o que o luar ilumina. 

Somos o gelo que queima, depois do que o fogo incendeia. 

Somos as decências das dúvidas e a tempestividade das certezas. 

Somos a dignidade da ignorância e a arrogância da inteligência. 

Somos aquilo que pensamos ser, não aquilo que sonhamos. 

Somos a subida quando o medo desce. 

Somos amor quando o orgulho padece. 

Somos a eternidade, quando o fim nos ronda. 

Somos loucura quando o desejo estronda.

Somos pura capacidade nos impuros desafios. 

Somos crianças quando pensamos estar velhos. 

E somos velhos quando descobrimos que, em verdade, nunca deixamos de sermos crianças. 

Somos loucos quando não acreditamos na loucura. 

E somos sãos, quando descobrimos que somos loucos. 

Somos esfomeados quando não temos comida.  

E as vezes somos a comida das mentes esfomeadas. 

Somos inimigos no ápice das amizades.

Somos amigos quando conhecemos o nosso inimigo. 

Somos coerentes somente na incoerência.

Somos incoerentes nas certezas absolutas.

Somos guerreiros quando o orgulho é ferido. 

Somos feridos quando ganhamos sem nenhum batalha.

Somos tudo no meio do nada.

Somos nada quando temos de tudo. 

Somos as folhas que o vento leva. 

Mas as vezes, somos exatamente o vento que derruba as folhas. 

Mas eu prefiro ser o vento que derruba as sementes. 


Samanta Lemos

04/07/2021

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